Davi Silva, Sania Lima, Juliana Vieira e Fabrício Farias sobem ao pódio do Pan 2023 — Foto: Miriam Jeske/COB |
Não é comum um estado brasileiro, ainda mais do Nordeste, dominar a lista de convocações do badminton para os Jogos Pan-Americanos. Dos oito listados cinco eram do Piauí. Talvez por isso, nenhuma outra simpática expressão simbolize tão bem essa tempestade piauiense, sobretudo quando ela ajudou a arrebatar uma prata e dois bronzes em Santiago. A "Cajuína Storm" que fez grande exibição no Chile vive grande fase.
Fabrício Farias (prata nas duplas masculinas), Sânia Lima (bronze nas duplas mistas e duplas femininas) e Juliana Viana (bronze nas duplas femininas) ajudaram a prolongar o bom momento dessa safra, que já havia feito algo inédito no Pan de Lima, em 2019. Há quatro anos, os piauienses conquistaram três dos quatro bronzes do país.
A expectativa de medalhas em Santiago era maior. Notadamente o corte de Jaqueline Lima após ela ser submetida a uma cirurgia por conta de dores abdominais a dois dias do embarque diminuiu as chances de mais medalhas.
Seleção brasileira de badminton nos Jogos Pan-Americanos de Santiago — Foto: Reprodução / Instagram |
Mas nem mesmo a queda no número de pódios do badminton brasileiro de Lima para Santiago tira o mérito de um grupo forjado a partir do talento.
Jogos Pan-Americanos de Lima (2019)
1 ouro (Ygor Coelho-RJ)
4 bronzes (Francielton Farias-PI/Fabrício Farias-PI, Sâmia Lima-PI/Jaqueline Lima-PI, Fabrício Farias-PI/Jaqueline Lima-PI e Fabiana Silva-RJ/Tamires Santos-SP)
1 prata (Davi Silva-RJ/Fabrício Farias-PI)
2 bronzes (Sânia Lima-PI/Juliana Viana-PI e Sânia Lima-PI/Davi Silva-RJ)
Lapidados em um projeto social de Teresina, Fabrício, Sânia e Juliana vivem sobe o foco da Confederação Brasileira de Badminton desde quando explodiram na base ao lado de Jaqueline, Sâmia e Francielton.
O investimento feito lá atrás em atletas de um estado sem tradição alguma na modalidade, alvo de críticas de treinadores e atletas de diversos cantos do país, vem se consolidando com resultados expressivos há pelo menos 10 anos.
Mas é preciso mais investimento, principalmente em quilometragem desses atletas no circuito mundial. Mais torneios disputados dão ainda mais pontos no ranking internacional, o principal critério de classificação às Olimpíadas.
A presença massiva dos atletas brasileiros nos Jogos de Paris é uma dúvida, mas possível. Estar entre os 38 primeiros do ranking no individual e entre os 25 primeiros nas duplas segue sendo o principal objetivo da delegação pós-Pan. O tempo é inimigo: eles têm até 28 de abril de 2024 para selarem esse avanço olímpico.
Até lá, resta à "Cajuína Storm" desfrutar a alegria proporcionada pela exibição em Santiago para mergulhar, de vez, na reta final do atual ciclo olímpico.
Por Renan Morais — Ge Teresina